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Yume (feat. Hugo Noguchi) Lyrics


Vitor Brauer Yume (feat. Hugo Noguchi)

1

Pois cada sonho esquecido é uma vida não vivida
Acordo no quarto de minha infância em Vila dos Cabanos, interior do Pará, Brasil
E não sei quantos anos tenho, nem em qual fase da vida estou
Mas isso não importa
Pode ser um eu de antes, um eu de agora ou um eu mais velho
Ou talvez seja uma interseção dos três
Em 1958, Fumiko e seu esposo Noboro junto a seus quatro filhos
Koji, Tadayoshi, Hitoshi e Maya
Embarcaram de Saporu, Hokaido, norte do Japão
Para uma viagem de quarenta dias mar adentro
No barco Africamaru em direção ao Rio de Janeiro
Era a segunda tentativa de imigração de Fumiko
Que durante a segunda guerra mundial, na década anterior
Havia aceitado a empreitada de ir cultivar ópio
Nas ilhas kurilas no extremo oriental da Rússia
Junto ao seu sogro e seu primogênito Koji
Enquanto seu marido servia em território japonês
Com os países encontrando seus desfechos na guerra
Ela e sua família precisaram de percorrer a pé, por dias e em fuga
Todo o trajeto até o porto que os levaria de volta para Hokaido
A escolher o Brasil, seguir um sonho da terra onde tudo floresce
Indo atrás de parentes já acentados ali
O novo lar foi construído em Dona Mariana
Uma região agrícula em Sumidouro, Rio de Janeiro
E a cultura foi a do caqui
Junto com os mesmos móveis de minha infância
A minha antiga cama se encontra em um quarto nessa casa
E sempre que durmo ali sinto num fechar de olhos
Meu passado e futuro se entrelaçarem aos de minha família
E depois de anos longe
Eu aprendi a não medir a mudança em quilômetros
2

Aos dez anos
Na noite que soube que meu primeiro e único cachorro
Não voltaria pra casa porque tinha sido atropelado
Sonhei com minha mãe em uma ponte me sorrindo
E dizendo que estava tudo bem
Acordei no meio da madrugada e derramei pelos olhos
Aos prantos pela primeira vez
Aquele muito acumulado somado ao recém adquirido
Não sei e nunca vou saber
Se realmente tive esse sonho
Ou se ele foi implantado em mim pela minha vó
Que sonhava a mesma coisa
E me fazia questão de me contar
Sempre que a visitava em Volta Redonda

3

Existem sonhos que mudam a nossa realidade
Em uma madrugada singular
Levantei de minha cama na casa de meu pai em Botafogo, Rio de Janeiro
E me mexer era como andar embaixo d'água
Caminhei lentamente até a janela
E pulei por instinto
E ao invés de cair
Flutuei como um balão
Até ver a cidade inteira embaixo de meus pés
Senti durante outra madrugada
Uma presença estranha na mesma janela
Ouvi ruídos que pareciam conversas inteligíveis
Enquanto meu corpo, esquentado e paralizado
Acordei com uma febre estranha que durou todo o dia
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